De 12/05/2015 a 13/05/2015
II Colóquio Discente do LECA
II Colóquio Discente do LECA
12 de Maio de 2015 – terça-feira, 16h30 – 19h - ICH, sala 309
A IDEOLOGIA E A REPRESENTAÇÃO DAS MULHERES NA ANTIGUIDADE GREGA: OLHARES ANTIGOS E MODERNOS
Dayanne Dockhorn Seger
Desde o século XIX, estudiosos da antiguidade grega refletiam sua própria dicotomia social ao passado e a justificavam ao contribuírem para a construção de uma imagem das mulheres gregas como “eternas menores” que viviam “às sombras da Acrópole e da democracia atenienses” (Meyer, 2004:6). Essas mulheres foram continuamente retratadas na historiografia como seres inferiores, descritas como “naturalmente propensas ao mal”, “negligenciadas pela natureza em comparação aos homens”, “incapazes” de tomar parte na vida pública, com função exclusiva de agradar a visão masculina e gerar filhos (Katz, 1992:77). A presente pesquisa apresenta as discussões gerais sobre as mulheres na sociedade grega antiga e a representação feminina na iconografia da cerâmica ática do Período Clássico (sécs. V e IV a. C.), demonstrando como a convenção do imaginário da mulher foi estabelecida sendo principalmente centrada nos valores da ideologia masculina presente nos discursos de autores antigos. Para isso, partimos do pressuposto de que o conteúdo imagético tem relação com aspectos da vida cotidiana, sendo repleto de representações culturais, o que implica a possibilidade de reconsiderar e revisar variados temas sociais da antiguidade grega que se baseiam, sobretudo, em tradições historiográficas apoiadas em escritores antigos. Contamos, portanto, com a validade epistemológica das imagens como documento, que também pressupõe os variados objetos que lhe serviram de suporte.
ODISSEU E AS SEREIAS – A MÚSICA COMO ELEMENTO NA ICONOGRAFIA DO MITO
Lidiane Carolina Carderaro dos Santos
Este trabalho tem por objetivo analisar a iconografia em vasos gregos e de influência grega produzidos entre os séculos VI e IV a. C. que retrata o episódio da passagem do barco de Odisseu pelas Sereias e como ele as venceu por meio da astúcia, narrado no Canto XII da Odisseia, de Homero. A Odisseia é o texto mais antigo de que temos conhecimento que se refere às Sereias, e data de época semelhante também o início da representação dessas criaturas em iconografia grega. A análise que se segue visa tratar de maneira particular como é representado, iconograficamente, o elemento musical desse episódio. Para tanto,
de início cabe situar a cena a partir de sua origem, o Canto XII da Odisseia homérica. A fim de esclarecer sua relação com a música, faz-se um breve apontamento sobre a genealogia das Sereias e os contextos mitológicos em que estão inseridas, referenciando algumas problemáticas acerca de sua origem. A partir daí, é possível identificar a relação das Sereias com a música, seja pelo seu emblemático canto, seja pelo uso de instrumentos musicais. De acordo com essa construção literária desenvolve-se neste trabalho a análise da iconografia relacionada com o episódio e suas tipologias, bem como os tipos de vasos que lhes servem de suporte e as relações que as imagens estabelecem com eles.
UM BREVE ESTUDO DE HERMANÚBIS EM QUATRO REPRESENTAÇÕES
Luise de Oliveira Rodrigues
Este trabalho se debruçará em particular sobre a figura de Hermanúbis, a divindade híbrida do Anúbis egípcio (patrono dos embalsamares e protetor de almas no “outro mundo”) e do Hermes grego, que, dentre muitas de suas atribuições, era, tal como Anúbis, um guia/condutor das almas, ambos protetores dos espíritos daqueles que já haviam partido: essa pode ser uma das fundamentais atribuições que possibilitou a fusão de duas divindades tão distintas à primeira vista. A iconografia escolhida para a análise da divindade é bastante ampla. Tanto gregos quanto romanos e egípcios, o representam dentro da arte feita na sua tradição religiosa e estética. Representaram Hermanúbis nas formas mais variadas possíveis, como por exemplo, na estatuária, na pintura e na mumismática, entre outros suportes. O que caracteriza as reproduções desta divindade é sempre a presença do elemento canino, no caso, Anúbis. A estatuária greco-egípcia sempre mostra Hermanúbis com o característico caduceu de Hermes, mas nunca chegamos a ver alguma referência ao aspecto alado desse mesmo deus (sandália ou adereço de cabeça).
O DIÁLOGO DOS ORADORES DE TÁCITO: A CARACTERIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO DO JOVEM ARISTOCRATA ROMANO NA TRANSIÇÃO PARA O PRINCIPADO
Milena Rosa Araújo Ogawa
O objetivo da pesquisa foi analisar a formação educacional do jovem aristocrata romano durante o primeiro século do Principado (I d. C.), procurando evidenciar como a mudança do sistema político influenciou na transformação da educação e foi agente em alterações do mos maiorum. Utilizamos como fonte a obra literária Diálogo dos Oradores, do historiador latino Públio Cornélio Tácito (55-117?), na qual observamos o panorama político, cultural e social da época mediante a apreciação de tais aspectos nos debates travados entre os oradores na obra. O trabalho foi dividido em quatro partes: a primeira referiu-se ao levantamento das informações do autor no que tange os dados de sua vida, aspectos estilísticos de seus trabalhos, bem como sua influência na historiografia enquanto orador, historiador e político; a segunda constituiu-se de uma análise de conteúdo da obra, com o intuito de elencar trechos e reflexões sobre a educação e o sistema político imperial para que, assim, obtivéssemos um(a) mapeamento/crítica do que Tácito refletia sobre as transformações que estavam ocorrendo; a terceira sessão contemplou uma análise do contexto histórico da obra e dos vetores do sistema político vigente que influenciaram no sistema educacional; e, por fim, na quarta parte, tivemos como intuito, retratar a visão de Tácito acerca da educação do jovem aristocrata romano.
13 de Maio de 2015 – quarta-feira, 14h – 17h - ICH, Auditório da FaE
A SIMBOLOGIA FEMININA PRESENTE NA ICONOGRAFIA ÁPULA DOS SÉCULOS V E IV A. C.: A HARPA
Andréia da Rocha Lopes
Nesta comunicação, apresentarei o esboço da minha pesquisa para o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), onde pretendo analisar o simbolismo do instrumento musical harpa na iconografia vascular ápula (séculos V e IV a. C). A harpa está vinculada a uma insígnia feminina, e tem seu simbolismo ligado à escatologia nupcial e ao ambiente amoroso. Para Vergara (2012), no período clássico, como assinala a iconografia da cerâmica ática e se apresenta nos textos antigos, a cultura grega conferiu à mulher o papel de tocadora de harpa. No entanto, o mitológico Museu, cuja personalidade está ligada à musica, é o único personagem masculino que aparece na iconografia tocando esse instrumento, quando a cítara retangular é o instrumento comumente ligado ao universo masculino. Pretendemos observar este fenômeno na cerâmica produzida na Apúlia, em contraposição aos modelos áticos.
A EDUCAÇÃO FEMININA NA GRÉCIA CLÁSSICA: A CONSTRUÇÃO DO PAPEL SOCIAL DA MULHER “CIDADÔ
Lisiana Lawson Terra da Silva
Este trabalho tem como tema de pesquisa demonstrar como a sociedade ateniense do século V a. C. organizava, social e politicamente, o espaço do feminino na cidade. A educação das filhas, esposas e mães de cidadãos ocupava papel central na sociedade da pólis e pode ser percebida através da literatura e suas representações. Para isso, este trabalho vai estudar a construção de um modelo educativo que transparece nos escritos dos autores gregos do século V a. C. As nossas fontes são: “Economico” de Xenofonte e as tragédias “Agamêmnon” de Ésquilo e “Antígona” de Sófocles, pois, buscamos demonstrar que diferentes
autores com diferentes propósitos construíram com suas obras uma compreensão do feminino, mediante a criação de um modelo de formação. A tragédia grega como gênero literário que é expressa o contexto, o universo da cidade e de seus grupos sociais. Já a obra de Xenofonte é um manual de conduta que constitui a maior parte dos trabalhos que tratam da mulher ateniense, a tal ponto que, às vezes, é tomada como uma descrição da condição da mulher grega. Nas fontes propostas acima, estão representados tipos femininos que viabilizam o estudo proposto, já que representam uma teia de pensamentos e práticas sociais de um período, Atenas século V a. C. Essas representações podem ser estudadas a partir das relações sociais entre homens e mulheres e as maneiras como eles representam o gênero e utilizam-no para articular regras de convívio social.
A LINGUAGEM NA OBRA FILOCTETES, DE SÓFOCLES
Matheus Barros da Silva
As sociedades do Mundo Antigo em certo aspecto podem ser apontadas como civilizações de cultura oral. A escrita grega antiga, elaborada por volta do IX século a. C., foi largamente difundida ao longo dos séculos, no entanto, o poder da comunicação oral não fora perdido. A Grécia clássica, e marcadamente Atenas, assistiu a uma sensível difusão da escrita. Por outro lado, lembremos que se trata do mundo de póleis e devido ao seu reduzido espaço geográfico e baixa densidade populacional a cultura oral mantinha-se presente. Desta maneira a linguagem poderia assumir uma singular preeminência naquela realidade social. Assim, o objetivo que propomos nesta comunicação é averiguar como a questão da linguagem vem à luz e é tradada em uma específica tragédia grega, o Filoctetes, de Sófocles, encenada em 409 na cidade de Atenas.
CULTO À GUERRA: UMA PROPOSTA DE PESQUISA SOBRE A SOCIEDADE ESPARTANA
Ricardo Barbosa da Silva
A religião era um dos traços culturais do que significava ser grego, e tinha lugar de destaque na vida dos habitantes da Hélade, e de suas póleis. Um deus maior do panteão grego nos chama a atenção pela ausência de grandes templos e honrarias em seu nome: visto como a divindade das carnificinas ocorridas nos campos de batalha, Ares foi escanteado em importância como deus da guerra em favor de sua irmã, a deusa Atena. O presente trabalho apresenta uma proposta de pesquisa sobre a sociedade espartana – tida como a mais belicosa entre as cidades-Estado gregas – e sua relação com o deus da guerra Ares.
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